Felibert, o Zafimaniry
Vou começar estas notas de viagem com pequenos textos, estilo Post-It, para que eu possa partilhar o que os meus olhos vêem quando viajo e o que às vezes sinto em cada nova descoberta ou encontro.
Bem, ser Tour Leader em Madagáscar deu-me recentemente a oportunidade de conhecer Felibert, um homem de 71 anos da tribo Zafimaniry, que vive em Sakaivo. Para quem não sabe, Sakaivo é uma pequena aldeia no meio das montanhas de Madagáscar, sendo uma das quase 100 aldeias Zafimaniry, que se distribuem por uma área de 700 km2.
Felibert chegou até mim só porque ouviu uma voz diferente dentro da casa da mama be (avó) Rakala. Com uma conversa difícil, a alternar entre francês e malgaxe, apresentamo-nos com o básico do nome e idade. Nesse momento ele disse, orgulhosamente: “Meu nome de batismo é Felibert!”, é um homem orgulhoso da sua fé.
Desde que apareceu à porta, durante esse primeiro olhar, tive aquela sensação que nos diz “Que grande pessoa para fazer um retrato!”. Usando um cobertor colorido e cheio de flores amarelas, vermelhas e laranja estava a representar tão bem o estilo/fashion da etnia Betsileo, de onde são originários. No início do século XIX a rainha Ranavalona I fez uma perseguição aos cristãos, levando um grande número de pessoas a fugir para as montanhas, formando assim a tribo Zafimaniry. Dessa forma, as casas que construíam inicialmente eram feitas de materiais à base de plantas e madeira sem a utilização de pregos, para poderem ser desmontadas facilmente para transporte. Hoje em dia já fazem ligeiras adaptações no uso dos materiais e incluem pregos.
Os Zafimaniry são conhecidos pelo seu conhecimento e arte de esculpir madeira, e em 2003 foram adicionados à lista do Património Cultural Imaterial da Humanidade da UNESCO, mas desde que existe o problema da destruição da floresta em Madagáscar têm vindo a reduzir a quantidade de artesanato produzida.