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Salama

Salama

Apelidei de Begidro o reino do tabaco num texto anterior. Esta é a aldeia onde habitam, no meio do nada, mais de 1000 habitantes dependentes de um rio, o Tsiribihina. Ali, distante das estradas de asfalto e de bons acessos, a vida fervilha da margem do rio ao centro da aldeia onde se encontra o mercado, há palhotas e casas rudimentares um pouco por todo lado, assim como pequenos negócios familiares, pequenas mercearias, e pequenas gargotes malgaxes (tasquinhas locais).As crianças, mal te vêem a descer do barco, dão-te a mão e arranjas um amigo. Dali a nada não é só um, são muitos miúdos que te vêm conhecer e a querer brincar contigo. Infelizmente a escola não tem capacidade nem condições para tantas crianças, e muitas delas acabam por não ter assiduidade. Aquele escasso momento em que lá passa o viajante é a quebra da rotina das crianças e dos adultos.

Vamos caminhando por um caminho de terra até ao mercado, o frenesim das crianças trazem curiosos à porta das casas e das lojas. E neste entrecruzar constante vamos conhecendo mais um e outro e outro habitante da aldeia. O acesso ao mercado é rápido mas passa-se tanta coisa que os nossos sentidos são todos postos à prova, os ouvidos com a algazarra geral das crianças e a dada altura pela música que se ouve vinda de barracas do mercado, o tacto pelo trepar constante dos miúdos, a visão por todas as cores que nos entram pelos olhos, e o palato quando chegamos ao mercado e podemos experimentar os clássicos fritos malgaxes (batata doce frita polvilhada com açúcar, moufbales, peixe frito).

E foi ali perto da zona dos comes e bebes que encontrei esta vendedora, dona de uma pequena gargote, onde arranja qualquer coisa que se coma a quem passa. Hoje não tinha os filhos por perto para tomar conta, e podia estar mais desafogada nas suas tarefas.

O fogão do seu micro restaurante não é nada mais que um ou dois fogareiros a carvão, na realidade local é quanto baste para nos tornarmos empreendedores, homens e mulheres de negócios.Com a sua máscara de beleza feita com base em plantas locais, seguindo a tradição da etnia sakalava, uma das dezoito etnias de Madagáscar, preparava o restaurante para os primeiros clientes do dia.

Com a simpatia habitual malgaxe respondeu ao meu bom dia e ao meu pedido para a fotografar. E são pequenas situações assim que me fazem sentir humano, longe de desconfianças e de complicações, onde o simples conectar entre pessoas é fácil à distância de um curto “Salama”, como quem diz olá.

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